segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Dez anos de uma virada inesquecível


Homenagem do Globoesporte.com 
Nesta segunda-feira, dia 20 de dezembro de 2010, um dos capítulos da história do Vasco que mais orgulha os torcedores completa dez anos: a conquista da Mercosul de 2000. O título veio após muita superação dos jogadores que, depois de estarem perdendo para o Palmeiras por 3 a 0 no primeiro tempo, no Palestra Itália, conseguiram fazer o 4 a 3. O feito foi apelidado pelos cruzmaltinos como "A Virada do Século".
Os gols daquela batalha épica foram marcados por Romário (três vezes) e Juninho Paulista. A missão ainda foi mais dificultada depois que Júnior Baiano foi expulso, aos 32 minutos do segundo tempo, e o time teve que seguir com um a menos até o fim. O grito de campeão veio aos 48 minutos, quando o Baixinho aproveitou um rebote da zaga e colocou para o fundo da rede.
A trajetória da equipe na competição
O Vasco ficou o Grupo E da Mercosul ao lado de Peñarol-URU, Atlético-MG e San Lorenzo. O começo da equipe foi de dificuldade, e a classificação (em segundo lugar) só veio na última rodada, após uma vitória por 2 a 0 sobre o Galo. Nas quartas de final, o time da Colina encarou o Rosário Central e, após uma vitória por 1 a 0 e uma derrota pelo mesmo placar, a disputa foi para os pênaltis. O Vasco levou a melhor - 5 a 4 - e foi para a semi contra o River Plate, que havia eliminado o Flamengo.
O adversário, o mesmo da semi da Libertadores de 98, quando o Vasco foi campeão, novamente não foi páreo. A equipe cruzmaltina fez 4 a 1 na Argentina, 1 a 0 no Rio de Janeiro e se classificou para a final.
Antes de encarar o Palmeiras, o Vasco ainda viveu um problema de última hora. Quatro dias antes do jogo, o time enfrentou o Cruzeiro pelo semifinal do Brasileiro e empatou em casa. O técnico Oswaldo de Oliveira deu o domingo de folga para os atletas, o que desagradou Eurico Miranda. O dirigente resolveu mudar a programação, e o treinador não aceitou. Resultado: foi demitido. No domingo à tarde Joel Santana já treinava o time em São Januário.
Além do título da Mercosul, Joel conquistou o Brasileiro daquele ano.
Romário Vasco 2000Romário comanda a festa vascaína na entrega da taça em pleno Palestra Itália (Foto: Getty Images)
Primeira Fase
Peñarol 4 x 3 Vasco
Vasco 3 x 0 San Lorenzo
Atlético-MG 2 x 0 Vasco
Vasco 1 x 1 Peñarol
San Lorenzo 0 x 2 Vasco
Vasco 2 x 0 Atlético-MG
Quartas de Final
Vasco 1 x 0 Rosário Central
Rosário Central 1 x 0 Vasco (Nos pênaltis, Vasco 5 a 4)
Semifinais
River Plate 1 x 4 Vasco
Vasco 1 x 0 River Plate
Finais
Vasco 2 x 0 Palmeiras
Palmeiras 1 x 0 Vasco
Palmeiras 3 x 4 Vasco
Os cinco minutos-chave da decisão contra o Palmeiras:
Romário Vasco 2000 MercosulJogadores desfilam em carro de bombeiros no
retorno ao Rio de Janeiro (Foto: Ag. Estado)
1' segundo tempo - Viola entra no lugar de Nasa. O atacante entrou muito bem na partida e levou o Vasco ao ataque. Ele infernizou os defensores e teve grande importância para a virada.
13' - Gol de Romário - O Baixinho cobra bem pênalti sofrido por Juninho Paulista e incia a reação cruzmaltina.

23' - Gol de Romário - A história se repete. Em novo pênalti sofrido por Juninho Paulista, o Baixinho cobra no mesmo canto e coloca 3 a 2 no placar.
40' - Gol de Juninho Paulista - O meia aproveita cochilada da zaga palmeirense e, de perna esquerda, chuta para o fundo da rede. Era o empate.
48' - Gol de Romário, o da virada - Após bate-rebate, a bola sobrou livre para quem sabe tudo dentro da área. O Baixinho não perdoou novamente: 4 a 3 para o Vasco.
Os cinco jogadores mais importantes da campanha:
ROMÁRIO
O craque fez 11 gols na campanha, três deles só na finalíssima contra o Palmeiras.
Capitão da equipe, o camisa 11 foi o jogador mais decisivo do Vasco na competição.
JUNINHO PAULISTA
Veloz e habilidoso, Juninho Paulista foi constantemente uma grande arma para furar as zagas adversárias. Na final contra o Palmeiras, fez um dos gols e sofreu dois pênaltis. No total, ele balançou a rede cinco vezes na competição.
JUNINHO PERNAMBUCANO
Organizador do meio de campo cruzmaltino, o jogador era peça fundamental no esquema tático da equipe. Sempre regular e bom nas bolas paradas, ajudou muito na conquista.
HELTON
Sinônimo de segurança na zaga vascaína, o goleiro foi outro que teve papel importantíssimo com belas defesas. Nas quartas de final, ele foi decisivo na disputa de pênaltis contra o Rosário Central. Contra o River Plate, também teve ótima participação.
EULLER
O "Filho do Vento" foi um parceiro e tanto para o baixinho Romário. Com sua velocidade, o atacante ajudou o time a superar as defesas adversárias.
Os cinco momentos mais marcantes na opinião de Odvan:
Odvan no treino do VascoOdvan em São Januário rodeado por torcedores
(Foto: Fred Huber / Globoesporte.com)
- A nossa conversa no vestiário no intervalo do jogo foi fundamental. Nos cobramos uns aos outros, não podíamos perder daquele jeito. Voltamos e conseguimos aquela virada espetacular.
- Acho que outro momento marcante e decisivo para motivar o time naquele jogo foi o fato de a torcida do Palmeiras já ter gritado "campeão" quando eles fizeram o 3 a 0.
- O que incendiou de vez o time contra o Palmeiras foi a comemoração do Juninho Paulista na hora do gol dele. Lembro que ele saiu batendo no peito dizendo que nós iríamos virar o jogo.
- Além do duelo com o Palmeiras, o jogo contra o River, em especial a partida na Argentina, foi muito especial. A vitória por 4 a 1 nos deu tranquilidade para o segundo jogo e também a certeza de que estávamos no caminho certo para conquistar o título.
- Aquela comemoração na chegada ao Rio foi uma coisa muito especial, difícil até de falar. O que a torcida fez foi emocionante demais, nunca tinha me sentido daquele jeito. Foi muito legal mesmo.
Depoimento de PEDRINHO:
- Quando começou o segundo tempo, todo mundo estava ciente da dificuldade que seria virar o placar, mas o grupo sabia que a reação era algo viável, pois tínhamos uma equipe de muita qualidade. E apesar de tudo, todos nós sabíamos que o mínimo que devíamos fazer era honrar a camisa do Vasco. E com o jogo rolando, foi tudo acontecendo e quando percebemos já tinha virado o jogo de uma forma incrível, eu tenho certeza de que nunca mais terá um jogo como este, foi algo inesquecível - disse ao site oficial do clube.
Cinco curiosidades sobre a conquista:
Juninho Romário Vasco 2000Juninho e Romário comemoram o gol da virada,
aos 48 do segundo tempo (Foto: Getty Images)
- Atual técnico do Vasco, Paulo César Gusmão era o preparador de goleiros na conquista da Mercosul de 2000.
- O lateral-direito Clébson foi o único a participar de todas as partidas. O jogador morreu no ano seguinte, no dia 22 de junho de 2001, aos 22 anos, em um acidente de carro. A tragédia ocorreu no município de Serrinha-BA, próximo a Salvador. Ele estava indo para a sua cidade natal, Itiúba-BA, passar a festa de São João com os parentes.
- Romário foi o artilheiro da competição com 11 gols. Foi o segundo ano consecutivo que ele terminou como goleador. Em 1999, marcou oito pelo Flamengo. Somado os quatro gols marcados na primeira edição, o Baixinho fez 23 na Mercosul.
- A delegação vascaína chegou no aeroporto Santos Dummont no início da tarde do dia seguinte ao título. O local estava lotado de torcedores, que acompanharam os atletas no carro de bombeiro até São Januário. Na Colina, houve uma queima de fogos que durou cerca de dez minutos.
- Luizinho encerrou a carreira depois da conquista da Mercosul. O volante é o jogador que mais taças levantou na história do clube, entre elas dois Brasileiros (97 e 2000) e a Libertadores de 98.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Qual é a melhor opção de trabalho no Jornalismo: contratado ou freelancer?

Nos últimos anos, a profissão de Jornalista se deparou com a crescente de uma nova forma de trabalho na área: o freelancer. Mas será que na atualidade esse modelo de serviço é melhor para os profissionais da comunicação? Um jornalista ter emprego fixo, registrado, em algum grande veículo de comunicação não é algo tão proveitoso como antigamente? Dois jornalistas que escreveram livros sobre as duas formas de emprego respondem essas questões, e divergem sobre o tema.


Estabilidade

A editora de treinamento da Folha de S. Paulo, Ana Estela de Sousa Pinto, é um exemplo de jornalista que se dedica integralmente ao trabalho fixo. Ela está há 22 anos no jornal, empresa em que já foi secretária-assistente de Redação, repórter, editora e passou por diversas editorias. Em 1988, Ana Estela decidiu trocar a agronomia pela Folha e não se arrependeu, tanto que não sabe o que é trabalhar fora do jornal. De acordo com ela, a principal vantagem em ter um serviço registrado em algum veículo de comunicação é a estabilidade. Ana Estela é autora do livro A vaga é sua - como se preparar para trabalhar em Jornalismo, escrito em parceria com Cristina Moreno de Castro.

“Fiz muita coisa aqui (na Folha), tive vários cargos, conheço muita coisa no jornal. Ganhei muita experiência em várias áreas. Uma oportunidade que não sei se teria em outro lugar, ou se estivesse trabalhando como freelancer”, diz Ana Estela.

Ana Estela trocou a profissão de agronôma pela de Jornalista.  (Imagem: Divulgação)

Flexibilidade
O jornalista Maurício Oliveira é autor do livro Manual do frila – o jornalista fora da redação e afirma que o trabalho de freelancer é a melhor opção para os profissionais da área. Ele conta que desde que escolheu entrar para a vida de freelancer, em 2003, até sua condição financeira melhorou, além de lhe proporcionar algo que considera de suma importância: ficar mais tempo com a família. Oliveira enxerga com ótimos olhos a carreira de um jornalista freelancer, tanto que afirma não se arrepender da escolha, mesmo tendo trabalho de forma fixa em grandes jornais e revistas, como Veja e Gazeta Mercantil.

“É ter domínio sobre seu dia, estar mais com a família. Quando se é freelancer a produtividade aumenta, há um controle maior do tempo. Em redação sempre para o trabalho para fazer outra coisa, perde a concentração para ficar na internet e tomar café”, argumenta Oliveira.
Capa do livro do jornalista Maurício Oliveira. (Imagem: Divulgação)

É a melhor escolha, mas tem pontos negativos
Enquanto Oliveira é um defensor da atuação como freelancer, ao contrário da jornalista da Folha, ambos assumem que os dois lados da profissão têm alguns problemas. O autor do Manual do Frila alerta que o freelancer “pode ficar esquecido” se começar a recusar muitas ofertas de trabalho que lhe são oferecidas.

“Quando se rejeita duas vezes um trabalho do mesmo veículo você fica esquecido, isso é muito delicado, às vezes se tem excesso de oferta de trabalho e temos que aprender a administrar”, revela Oliveira.
Já Ana Estela diz que no começo da carreira (estudantes e recém-formados) fazer freela pode auxiliar a ingressar no mercado, ajudando até mesmo na seleção de programas de treinamento, como o do diário paulista.

“No início de carreira, ser freelancer ajuda o profissional a ficar conhecido entre os editores de jornais e revistas. Auxilia inclusive em alguns processos seletivos. No começo, lutar por um trabalho registrado pode atrapalhar, porque a pessoa é boa, mas não tem experiência, nunca fez freela”, afirma Ana. Porém ela diz que se aparecer uma oportunidade de trabalho como freelancer e outra proposta para ter contrato fixo, o candidato deve optar pela segunda opção.


Estabilidade financeira

Os jornalistas divergem a respeito de um assunto que é indispensável para qualquer pessoa na hora de escolher um emprego: a estabilidade financeira. Segundo o freelancer Maurício Oliveira, um profissional que tem como linha de serviço apenas o que é passado de forma avulsa, sem um vínculo empregatício com nenhuma revista, jornal, site, rádio, ou emissora de televisão, pode e tem grandes chances de ter uma carreira que proporcione um bom patamar econômico.

“Para ganhar dinheiro freelar é um ótimo caminho. Eu consigo ganhar melhor depois que me tornei freelancer. Mas além do dinheiro, sendo freelancer tenho a possibilidade de morar em Florianópolis e fazer trabalho para alguma revista de São Paulo”, conta Oliveira, que complementa para dar uma dica de como se estruturar para não ter problemas com dinheiro: “Aprendi uma lógica depois que virei freelancer, tenho que me programar por ano e não por mês. E minha vida anualmente é estável”.

Porém, de acordo Ana Estela, a estabilidade econômica e os benefícios que um trabalho registrado oferece são os fatores que a fizeram nunca pensar em sair da Folha de S. Paulo para tentar seguir carreira como freelancer. Segundo ela, para ter sucesso contínuo apenas freelando é necessário ter um nome conhecido no mercado, coisa que muitos profissionais não conseguem.

“O principal benefício do trabalho fixo é a segurança, saber quanto vai ganhar no final do mês. Sendo contratada dá para se estruturar melhor. Com isso, prefiro continuar com a estabilidade do fixo, nunca pensei em ser freelancer”, afirma Ana Estela. A jornalista faz questão de deixar claro qual a sua preferência na forma de serviço no Jornalismo: “Para essa estabilidade financeira o trabalho fixo, em minha opinião, é melhor”.

Ana Estela de Sousa Pinto é autora do livro A vaga é sua. (Imagem: Divulgação)

Todo jornalista pode ser freelancer?

Para Ana Estela, não é todo profissional de comunicação que poderá se tornar freelancer. Entretanto, o jornalista acredita que falta esse tipo de profissional no mercado. “Penso que como freelancer, para você se firmar apenas com essa forma de serviço, é complicado, precisa já ter um certo nome na carreira, ser reconhecido por várias redações. Não acredito que todos jornalistas tenham que freelar”, diz a editora de treinamento daFolha.

Maurício discorda. "Há mercado para isso (todo jornalista se tornar freelancer). Os veículos estão precisando desse tipo de mão de obra. Mas o profissional tem que saber que a vida será corrida, muitas vezes serão cinco ou seis trabalhos de uma vez e tudo com prazo", comenta o profissional que há sete anos se dedica ao trabalho freelancer.